O ÓBVIO FINALMENTE REVELADO!!!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

EM 2014 MEUS VOTOS DE MAIS COMPREENSÃO NO MUNDO

Esta é dedicada a Tiago C. Ramos, com saudade. O texto é de 1998 mas continua atual.
Viva o Nasuto!

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DA GLOSSOPRAXE CONSUETUDINÁRIA: UM PANEGÍRICO

                           Nicomedes Gedeão Dousbuzenos d’Ávila-a-Baixa [1]

ABSTRACT: You will read in this article about the serious problem of unintelligibility, which is source of misunderstandings. The origin of that is, according to the author’s thoughts, an artificial creation of the upper classes. He defends the use of a simpler language, though not a vulgar one, so that most of the big differences in the society can be easily solved.

Os contubernáculos vezeiramente se locupletam de sodalícios eqüevos e chalaceiros, que, provectos na verbiagem soez, após algumas justas de zurrapa, letificam com sua zangurriana a mais mesta das circunjacências. Destarte, não é mirífico que os utentes algaravíloquos se divirtam imodestamente do cogito judicioso, qual prófugos, e convenha-lhes logorréia invisa, em tudo equável à dos neguses abexins. Exinanidos, parte favoneados pelo psicofármaco da imperorável sermoa, parte pela careza de euritmia, quando os coage o aveijão indigitante da inescusável ¢n£gkh, sóem tais garraios não poder garabulhar epístola a mais singela: seria como se meandraram por vaus impérvios. Por amor do desazo e da insuetude, após bacejo em calepinos garrafais, as missivas achamboadas, mádidas de hípsilos e quinaus, sarapintadas de caçanje perissológico, afiguram-se-nos um obnubilante galimatias enxacoco a troixe-moixe em engrimanço inextricável. Enfim, uma chirinola sibilina!

Engurujam-nos sobremaneira as endrôminas azadas das perlengas desses intrujões, mas não só os zopeiros chãos d’almagre são cruciados, na zaragata dos paroxismos, pelas canhas da estroinice: o mesmo ínclito latiniparla Pacúvio vasquejou sob análogo fojo de arrebiques ao parturir, de ocitocia, burundangas anfigúricas.

Corruscará lucejante e prefulgente esta epistemografia em lúrido dilúculo ao miudear a anchura da escancelada e arvoante talisca entre os crisólitos haventes só nos cartapácios pedantocratas (mormente anástrofes, políptotos, quiasmas, epiquiremas, hipálages, sínquises, oxímoros e quejandos) e os verazes perispômenos dos galradores. Essa dala sanjada por zotismo, onde podemos redambalar, é o azo de ambas as corruções, scilicet, o esporóforo da inexeqüibilidade dos sáfaros de dídima feita, já por femas, já por grafemas. Sem rebuços exoraremos contra o desajoujo plioglótico. É mister que se lastre usança sem zanguizarras, a que está em foto nos marouços do pélago dos símplices, a das calendas maiozinhas franchinóticas, e nenhumamente o bucentauro sancarrão, gebo e zãibro das sinafias horrísonas. Para tal, urge que encetemos o escardilhar impertérrito de cada coirela dessa liça, escalrachando as negaças zabaneiras dos bigorrilhas, para então retanchar o alfobre, arrampadoiro esbuxado, com decistéreos de racimos anafados. Que seja a recoleta Weltanschauung espeque e peanha desta magnificentíssima açotéia arxada, que é o Torrão onde temos nado.

Sobretudo nas epistemografias deve a língua ser porreira, inube, e sem procurar valhacoito em preciosismos, indesejáveis, pois assim ficará acessível aos lagalhés brasilícolas e sem a necessidade de chichas, burros ou marginalia. O excesso de maneirismo excluiu a maioria da plebécula do conhecimento ou alimentou a prenoção de que se trata de um objeto inatingível aos pategos. Rompendo a barreira da linguagem, iniciaremos um potici de pessoas no campo científico e acharemos sobejidão de suputadores, filósofos, cientistas, protozoólogos. A língua que permeia os éditos científicos exorbita-se da preocupação de integrar os patrasanas e se exime da responsabilidade de formação de novos pensadores, cavando um abismo intransponível entre classes sociais.

A prana de toda essa maldade sem dúvida alguma partiu das classes dominantes, carentes de louvaminhas, que confeccionou socioletos, que levantam barreira da comunicação entre a elite e os mesteirais que não têm sequer ptocotrófio com presigo de micula pingue de perum como prândio. Como pródromo, há fatos que datam de três dozenas de séculos antes de Cristo, entre o povo de Mohenjo-Daro (NGUDDABHASKARA 3598 a.C: 134). Raiz dos preconceitos, a criação de um lumpemproletariado foi o bereshit da diferença de linguagem e separou os homens, em vez de uni-los. Sua potava era a cizânia nos porvindoiros, em vez da solidariedade, a segnície, a intuspecção egótica em vez da visão coletiva e foi, como algo tradicional, transmitido ao longo dos tempos. Formaram-se cloacinas greis de pataus e nunca mais houve uma razão unívoca (ÙBÚLÛWAYÈ 1999:2b).

Em Ciência, suas conseqüências não podiam ser mais apostemáticas, pois des os prógonos separou-se a comunidade acadêmica em clãs e nunca mais as uniu, as ciências pororocam-se dia após dia, criando uma prole cada vez mais especializada. Mesmo em área superespecializadas como na esquizopodologia sofre-se de bifurcações irreversíveis: os exopoditólogos se azoinam, sem faúlha de bazófia, em seu romenho intangível para um endopoditólogo e não há perquiridores que se apliquem aos dous estudos à uma. Procazes, dentro de cada subgrupo, vemos polemículas e os cientistas se trancam em suas salas, e chega-se ao cúmulo do decano não conseguir alvitrar seu fâmulo orientando, devido à imensa distância de sua expressão. Exemplo mais lumioso dessa aberração é quando o mesmo autor é tolheito no entender do que ele próprio escrevera no edição anterior da revista de seu instituto e cita, contestando tudo que disse anteriormente e sugerindo que o autor daquelas linhas é um lunático.


Em glossemática as coisas se vêem de modo ainda mais claro, a ponto de já terem construído um linguará automático para as hjelmslevianices, longas como um melisma de Machaut, e as pottieradas, pertransidas de obscuridade como a mansarda de Prosérpina, que são intragáveis mesmo com a mais saborosa dos sauces de Port-Mahon (HELLMANN & AGELLATUS 2053: 0). Isso nos desobrigaria de procurar mistagogo pancaio, tiromante fajuto ou lampadomante de pantim por alcançar o extrato enleado de seus textos. Os paparrotões cinicamente carcavam em torno da língua falada e apregoam que as não sobponhamos. Ora, tudo indica que vêem como nós da Alma Mater Ethnosophía, contudo, paradoxalmente sobredistendem mentiras, tergiversando em um jargão emeticamente ilegível, azougando e entupigaitando seus colegas de discussão sadia de idéias, não sobrando sequer um escassilho para a patuléia que tanto enaltecem! Na verdade discutem breguessos e cousas de pré-antessaber de todos, como o fato de os dípteros terem halteres, justificando sua existência com máscaras que azoratam mais o leitor do que fez a déia Glaucops com o Telamônida. Como obviar a isso? Com um tal janaú, nenhum passo é possível, pois o texto parece ser frágil como um nuelo que sofre de hialoantropia. Trescala tal frioleira insulsa à grimpa, que após mondada, inda em nidor inaturável se contrefaz. São-nos ilécebras para a osga! Às escâncaras obfirmamos que quem assim no faz não excele pela hombridade de escol.

Quamanha é a distância que nos separa da zina do tempo dos charros bufarinheiros, latagões lusoparlantes, práticos contumazes d’antanho, que, multivagantes em seus patachos à zinga pelos simuns, cansins, rebojos e caribdes do orbe, em priscas eras, cheios de cachimanas e embófias, esguncho protendido à mão, faca à vagínula, surro à toita, sem ter rumado ou tapejara que lhes mostrasse o caminho nem esculápio que pensasse perchas antiflogísticas em suas bostelas, repatanados fidamente na oneomania dos povos, davam saguates ou escambavam com grande guapetonagem suas cousicas: piçamás por dous pardaus ou uma pistola, arráteis de acaburro vermelho ou de simonte ptármico por um ceitil, almudes de jeropiga por meio morabitino, martelos de zerumba por um quarto de ducado, alnas de nanzuque prásino, zuarte álbido e zefir roxicré por qualquer bagalhoça ou tuta-e-meia. Bastava-lhes zumbaiar e dominar perfunctoriamente o euskara para se comunicar com os psicrofóbicos tchicaridjanas, com os pontilhosos popolucas, com os rezingões ntogapigues, com os otxucuianas pedinornitófagos, com os iscnofônicos macamecrãs, com os mazorrais aripaquitsas, com os islenhos craptês, com os xoclengues, com os oxiópicos xicriabás, com os olhitoiros oaliperis-dáqueneis, com os maiongongues zeófagos, com os pachecais piocobjês, com os agtas ulótriques, com os gabarolas mencragnotires, com os xelguins que oferiam seus féleos acepipes de vunvuns e surrupeios sem quinecu nem sirage (vote! tibe!), com os tatibitates bosquímanos, com os refegados samorins e rajaputras e seus ravanastrões, finalmente com os oligopiônicos chins, em seus queimãos e suas charas sem biocos nos mesmos miaus! (PIÇARRO 1502: 1502). Não é, porém, história solaz, pois evidenciamos que os protonautas já não eram tão imáculos, pois marandubas de pichelingues, flibusteiros e outras tranquibérnias não faltam, as quais inquinam e lucham nossa prístina e perilustre ascendência, lançando-a num volutabro (o recuco Ernanes Garcia, por ex.).

Escusado seria ainda as renembranças dos querigmas, que por trás dos esgares austeros, ouropel engranzado em rostros com tomentos pogoniáticos palia lamentável hipocrisia, ao zafimeiramente empar seus eucólogos e ripanços com patranhas em línguas há muito desusadas, fragmentam-se infinitamente em um veraz kjøkkenmøding de seitas que sofrem de acusmas divinos, comprometendo os larozes da tacaniça monoteísta. Malgostosos vemos os fiéis santiguando-se como psecas das cabeleiras rosiluminosas do destino, pelo simples fato de não terem compreendido uma mensagem ocada que deveria, antes de tudo, ter a nução da linguagem clara e sem platitudes. Não são dinos de cachinadas os fungagás de myôhôrengekyô dos zacos no zingamocho das dágabas?



Também a incompreensão entre as línguas é, sem a menor sombra de dúvida, motivo de as religiões não se tolerarem: abundam zervanistas, premonstratenses, abecedarianos, adamitas, sublapsários e quem ganha com isso é o Sapucaio, que ri a bambão e sarrafaça seus saramátulos (abrenúncio!). Samicas falem das cousas cômpares, reveladas em tempos e circunstâncias diferentes pela bondade de Deus, mas conciliá-las é trabalho vão, pois ao longo do tempo, a incompreensão modificou malignamente suas mensagens e achar algo de comum entre elas, após minucioso paragão, s seria tão derrisório quanto dizer que um estromateídeo e uma rickettsiácea ipsa res sunt (ÁGONOS 1748: 666).

É do talante do parnaso primar pela incompreensão omnímoda, dando ensejo a um panázio prolificentíssimo de lazzi. Observamos tal decadência quer numa endecha, cujo conteúdo zinzilulante não se percebe nem à primeira nem à quingentésima leitura, quer nos quirieleisões e outras solfas dos sochantres modernos, cujas quiálteras nos regais são tautócronas aos proslambanômenos nos rotfones e aos rubati dos sarrussofones, destoando dessa feita em muito das antífonas pesponteadas e tedéus merovíngios, que enchiam as almas personativas de júbilo e satisfaziam com seus rabis, zeugos, tipofones, rajões e outros pentens nossa amarga estada na terra, quer ainda na pintura, cujos traços miniados de seus poncifs que retratam uma pêssega são impossíveis de serem seguidos, seja a nanômetros, seja a siriômetros de distância, havendo inclusive momentos em que os próprios pintores admitem nada significar ou nem eles mesmo entender o que fizeram. Todos, porém, são ávidos de prolfaças (KO£YBRZYCZEW¦KI 1985: 24). Que vem a ser essa ausência de modelos e de valores do mundo hodierno que nos mete em pantana, se não - pílulas! - as trincheiras que as mesmas elites sécias apaniguam com pervicácia? Sôbolo urgente de uma atitude repristinatória um sonhoso qüidam revel e sebenteiro já respondeu contra a glotorrexe em seus canhenhos, em que pesem os potins e as rancoras e pufismos dos zoilos zingrantes perdigoteiros (D’ÁVILA-A-BAIXA 1944: 390). Como a tiragem continua muito baixa, achei melhor escrever este artigo para fazer-vos cientes de sua existência. Ou seja, em todas as perquisições vemos erigir um caravançará para esse absurdo: na ergasiotiquerologia, na aviceptologia, na zetética, na picnometria, na edafologia, na pestologia, na espeluncologia, na sicomancia, na potamologia, na rurografia, na sarcologia, na pteridologia

Homessa! Como apólise peremptória, convoco a todos hoplitas samideanos, mesmo infratos, à loita. Sem sobrossos! Zurre! Esguitando, estumemos nossos lebréis licorécticos para que, desacolherados, zavem aos morsegões esses rolhos fraldiqueiros esciófilos! Que jamais se zumbra a Rezão! Víspere, joldra! Profliguemos, após terrível indaca, quantos obliqúem ideofrenicamente em ingresia perfunctória. Bafuntem as azêmolas que inda o fazem! Ir a Canossa, jamais! Ecoxupé!

INCUNÁBULOS GLOSADOS

ÁGONOS, Michelangelo. L’amore impetuosissimo fra Strepsiptera e Radiolarius. In: Revista sesquiebdomadária “Ingluviocelologia e Você”. Guarulhos 2344 (1.234.985.678.890.000.987): 1-690, 1748.

D’ÁVILA-A-BAIXA, Nicomedes G. D. Os aldravões manauaras que cunctatoriamente bezoam aleivosias em catadupas. Coleção Primeiras Manivérsias. Santa Trampolina, Pechisbeque & Cia, Elafebólen de 1944. 12389p.

HELLMANN, Oiticica & AGELLATUS, Friðunanþus. O effeito da mayonnaise em assumptos intragaveis & as machinas de ler escriptos de Hjelmslev. Manjaleco do Norte, Officina Xptou, 2053. 4p.

KO£YBRZYCZEW¦KI, £êch. Dlaczego nikt nie rozumie miê? In: G³upstwo i Nauka. £ód¿ 62 (12):26-25, 1985.

NGUDDABHASKARA, Bhurukhenemaphortha. “Aum, Rá, Kyai, Tchan: est-ce qu'il y a quelque chose de commun?”. In: Revue de l’Institut Autognostique de Lutetia Atlantica. 3598a.C. 160 rolos+ilustr.

PIÇARRO, Gustávão. As pucelas ilhoas inhenhas que se encarapitam a flux, com suas verdascas e caxirenguengues, pendependendo nos moutedos de inambuquiçauas das ourelas e rias dos charqueiros ultraplatinos. Madrid, Ofiçina dela Reiña Loica, 1502. Metáfrase do leonês esquipático para o luso moente e corrente por Nicomedes Gedeão Dousbuzenos d’Ávila-a-Baixa. 98003p.

ÙBÚLÛWAYÈ, Bálàkôbákó (ombudsman). “Mo ti maa nkà ìwé ìròhìn yi rí”.In: Folha de São Paulo, caderno Basta!, 12 de setembro de 1999. 3p.


[1] lente da Alma Mater Ethnosophía, Delphos, distr. Jucurutu/ RN"