Viva o Nasuto!
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DA
GLOSSOPRAXE CONSUETUDINÁRIA: UM PANEGÍRICO
ABSTRACT: You will read in this article
about the serious problem of unintelligibility, which is source of
misunderstandings. The origin of that is, according to the author’s thoughts,
an artificial creation of the upper classes. He defends the use of a simpler
language, though not a vulgar one, so that most of the big differences in the
society can be easily solved.
Os contubernáculos vezeiramente se locupletam de
sodalícios eqüevos e chalaceiros, que, provectos na verbiagem soez, após
algumas justas de zurrapa, letificam com sua zangurriana a mais mesta das
circunjacências. Destarte, não é mirífico que os utentes algaravíloquos se
divirtam imodestamente do cogito judicioso, qual prófugos, e convenha-lhes
logorréia invisa, em tudo equável à dos neguses abexins. Exinanidos, parte
favoneados pelo psicofármaco da imperorável sermoa, parte pela careza de
euritmia, quando os coage o aveijão indigitante da inescusável ¢n£gkh, sóem tais garraios não poder
garabulhar epístola a mais singela: seria como se meandraram por vaus
impérvios. Por amor do desazo e da insuetude, após bacejo em calepinos
garrafais, as missivas achamboadas, mádidas de hípsilos e quinaus, sarapintadas
de caçanje perissológico, afiguram-se-nos um obnubilante galimatias enxacoco a
troixe-moixe em engrimanço inextricável. Enfim, uma chirinola sibilina!
Engurujam-nos sobremaneira as endrôminas azadas das perlengas desses
intrujões, mas não só os zopeiros chãos d’almagre são cruciados, na zaragata
dos paroxismos, pelas canhas da estroinice: o mesmo ínclito latiniparla Pacúvio
vasquejou sob análogo fojo de arrebiques ao parturir, de ocitocia, burundangas
anfigúricas.
Corruscará lucejante e prefulgente esta epistemografia em lúrido dilúculo
ao miudear a anchura da escancelada e arvoante talisca entre os crisólitos
haventes só nos cartapácios pedantocratas (mormente anástrofes, políptotos, quiasmas,
epiquiremas, hipálages, sínquises, oxímoros e quejandos) e os verazes
perispômenos dos galradores. Essa dala sanjada por zotismo, onde podemos
redambalar, é o azo de ambas as corruções, scilicet,
o esporóforo da inexeqüibilidade dos sáfaros de dídima feita, já por femas,
já por grafemas. Sem rebuços exoraremos contra o desajoujo plioglótico. É
mister que se lastre usança sem zanguizarras, a que está em foto nos marouços
do pélago dos símplices, a das calendas maiozinhas franchinóticas, e nenhumamente o bucentauro sancarrão,
gebo e zãibro das sinafias horrísonas. Para tal, urge que encetemos o
escardilhar impertérrito de cada coirela dessa liça, escalrachando as negaças
zabaneiras dos bigorrilhas, para então retanchar o alfobre, arrampadoiro
esbuxado, com decistéreos de racimos anafados. Que seja a recoleta Weltanschauung espeque e peanha desta
magnificentíssima açotéia arxada, que é o Torrão onde temos nado.
Sobretudo nas epistemografias deve a língua ser porreira, inube, e sem procurar
valhacoito em preciosismos, indesejáveis, pois assim ficará acessível aos
lagalhés brasilícolas e sem a necessidade de chichas, burros ou marginalia. O excesso de maneirismo
excluiu a maioria da plebécula do conhecimento ou alimentou a prenoção de que
se trata de um objeto inatingível aos pategos. Rompendo a barreira da
linguagem, iniciaremos um potici de pessoas no campo científico e acharemos sobejidão
de suputadores, filósofos, cientistas, protozoólogos. A língua que permeia os
éditos científicos exorbita-se da preocupação de integrar os patrasanas e se
exime da responsabilidade de formação de novos pensadores, cavando um abismo
intransponível entre classes sociais.
A prana de toda essa maldade sem dúvida alguma partiu das classes
dominantes, carentes de louvaminhas, que confeccionou socioletos, que levantam
barreira da comunicação entre a elite e os mesteirais que não têm sequer
ptocotrófio com presigo de micula pingue de perum como prândio. Como pródromo,
há fatos que datam de três dozenas de séculos antes de Cristo, entre o povo de
Mohenjo-Daro (NGUDDABHASKARA 3598 a.C: 134). Raiz dos preconceitos, a criação
de um lumpemproletariado foi o bereshit
da diferença de linguagem e separou os homens, em vez de uni-los. Sua potava
era a cizânia nos porvindoiros, em vez da solidariedade, a segnície, a
intuspecção egótica em vez da visão coletiva e foi, como algo tradicional,
transmitido ao longo dos tempos. Formaram-se cloacinas greis de pataus e nunca
mais houve uma razão unívoca (ÙBÚLÛWAYÈ 1999:2b).
Em Ciência, suas conseqüências não podiam ser mais apostemáticas, pois
des os prógonos separou-se a comunidade acadêmica em clãs e nunca mais as uniu,
as ciências pororocam-se dia após dia, criando uma prole cada vez mais
especializada. Mesmo em área superespecializadas como na esquizopodologia
sofre-se de bifurcações irreversíveis: os exopoditólogos se azoinam, sem faúlha
de bazófia, em seu romenho intangível para um endopoditólogo e não há
perquiridores que se apliquem aos dous estudos à uma. Procazes, dentro de cada
subgrupo, vemos polemículas e os cientistas se trancam em suas salas, e
chega-se ao cúmulo do decano não conseguir alvitrar seu fâmulo orientando,
devido à imensa distância de sua expressão. Exemplo mais lumioso dessa
aberração é quando o mesmo autor é tolheito no entender do que ele próprio
escrevera no edição anterior da revista de seu instituto e cita, contestando tudo
que disse anteriormente e sugerindo que o autor daquelas linhas é um lunático.
Em glossemática as coisas se vêem de modo ainda mais claro, a ponto de já
terem construído um linguará automático para as hjelmslevianices, longas como
um melisma de Machaut, e as pottieradas, pertransidas de obscuridade como a
mansarda de Prosérpina, que são intragáveis mesmo com a mais saborosa dos sauces de Port-Mahon (HELLMANN &
AGELLATUS 2053: 0). Isso nos desobrigaria de procurar mistagogo pancaio,
tiromante fajuto ou lampadomante de pantim por alcançar o extrato enleado de
seus textos. Os paparrotões cinicamente carcavam em torno da língua
falada e apregoam que as não sobponhamos. Ora, tudo indica que vêem como nós da
Alma Mater Ethnosophía, contudo,
paradoxalmente sobredistendem mentiras, tergiversando em um jargão emeticamente
ilegível, azougando e entupigaitando seus colegas de discussão sadia de idéias,
não sobrando sequer um escassilho para a patuléia que tanto enaltecem! Na
verdade discutem breguessos e cousas de pré-antessaber de todos, como o fato de
os dípteros terem halteres, justificando sua existência com máscaras que
azoratam mais o leitor do que fez a déia Glaucops com o Telamônida. Como obviar
a isso? Com um tal janaú, nenhum passo é possível, pois o texto parece ser frágil
como um nuelo que sofre de hialoantropia. Trescala tal frioleira insulsa à
grimpa, que após mondada, inda em nidor inaturável se contrefaz. São-nos
ilécebras para a osga! Às escâncaras obfirmamos que quem assim no faz não
excele pela hombridade de escol.
Quamanha é a distância que nos separa da zina do tempo dos charros
bufarinheiros, latagões lusoparlantes, práticos contumazes d’antanho, que,
multivagantes em seus patachos à zinga pelos simuns, cansins, rebojos e
caribdes do orbe, em priscas eras, cheios de cachimanas e embófias, esguncho
protendido à mão, faca à vagínula, surro à toita, sem ter rumado ou tapejara que
lhes mostrasse o caminho nem esculápio que pensasse perchas antiflogísticas em
suas bostelas, repatanados fidamente na oneomania dos povos, davam saguates ou
escambavam com grande guapetonagem suas cousicas: piçamás por dous pardaus ou
uma pistola, arráteis de acaburro vermelho ou de simonte ptármico por um
ceitil, almudes de jeropiga por meio morabitino, martelos de zerumba por um
quarto de ducado, alnas de nanzuque prásino, zuarte álbido e zefir roxicré por
qualquer bagalhoça ou tuta-e-meia. Bastava-lhes zumbaiar e dominar
perfunctoriamente o euskara para se
comunicar com os psicrofóbicos tchicaridjanas, com os pontilhosos popolucas, com
os rezingões ntogapigues, com os otxucuianas pedinornitófagos, com os
iscnofônicos macamecrãs, com os mazorrais aripaquitsas, com os islenhos craptês,
com os xoclengues, com os oxiópicos xicriabás, com os olhitoiros
oaliperis-dáqueneis, com os maiongongues zeófagos, com os pachecais piocobjês, com
os agtas ulótriques, com os gabarolas mencragnotires, com os xelguins que
oferiam seus féleos acepipes de vunvuns e surrupeios sem quinecu nem sirage
(vote! tibe!), com os tatibitates bosquímanos, com os refegados samorins e
rajaputras e seus ravanastrões, finalmente com os oligopiônicos chins, em seus
queimãos e suas charas sem biocos nos mesmos miaus! (PIÇARRO 1502: 1502). Não
é, porém, história solaz, pois evidenciamos que os protonautas já não eram tão imáculos,
pois marandubas de pichelingues, flibusteiros e outras tranquibérnias não
faltam, as quais inquinam e lucham nossa prístina e perilustre ascendência,
lançando-a num volutabro (o recuco Ernanes Garcia, por ex.).
Escusado seria ainda as renembranças dos querigmas, que por trás dos
esgares austeros, ouropel engranzado em rostros com tomentos pogoniáticos palia
lamentável hipocrisia, ao zafimeiramente empar seus eucólogos e ripanços com
patranhas em línguas há muito desusadas, fragmentam-se infinitamente em um
veraz kjøkkenmøding de seitas que
sofrem de acusmas divinos, comprometendo os larozes da tacaniça monoteísta.
Malgostosos vemos os fiéis santiguando-se como psecas das cabeleiras
rosiluminosas do destino, pelo simples fato de não terem compreendido uma
mensagem ocada que deveria, antes de tudo, ter a nução da linguagem clara e sem
platitudes. Não são dinos de cachinadas os fungagás de myôhôrengekyô dos zacos no zingamocho das dágabas?
Também a incompreensão entre as línguas é, sem a menor sombra de dúvida,
motivo de as religiões não se tolerarem: abundam zervanistas, premonstratenses,
abecedarianos, adamitas, sublapsários e quem ganha com isso é o Sapucaio, que
ri a bambão e sarrafaça seus saramátulos (abrenúncio!). Samicas falem das
cousas cômpares, reveladas em tempos e circunstâncias diferentes pela bondade
de Deus, mas conciliá-las é trabalho vão, pois ao longo do tempo, a
incompreensão modificou malignamente suas mensagens e achar algo de comum entre
elas, após minucioso paragão, s seria tão derrisório quanto dizer que um
estromateídeo e uma rickettsiácea ipsa
res sunt (ÁGONOS 1748: 666).
É do talante do parnaso primar pela incompreensão omnímoda, dando ensejo
a um panázio prolificentíssimo de lazzi. Observamos
tal decadência quer numa endecha, cujo conteúdo zinzilulante não se percebe nem
à primeira nem à quingentésima leitura, quer nos quirieleisões e outras solfas dos
sochantres modernos, cujas quiálteras nos regais são tautócronas aos
proslambanômenos nos rotfones e aos rubati
dos sarrussofones, destoando dessa feita em muito das antífonas pesponteadas e
tedéus merovíngios, que enchiam as almas personativas de júbilo e satisfaziam
com seus rabis, zeugos, tipofones, rajões e outros pentens nossa amarga estada
na terra, quer ainda na pintura, cujos traços miniados de seus poncifs que retratam uma pêssega são
impossíveis de serem seguidos, seja a nanômetros, seja a siriômetros de
distância, havendo inclusive momentos em que os próprios pintores admitem nada
significar ou nem eles mesmo entender o que fizeram. Todos, porém, são ávidos
de prolfaças (KO£YBRZYCZEW¦KI 1985: 24). Que vem a
ser essa ausência de modelos e de valores do mundo hodierno que nos mete em
pantana, se não - pílulas! - as trincheiras que as mesmas elites sécias
apaniguam com pervicácia? Sôbolo urgente de uma atitude repristinatória um sonhoso
qüidam revel e sebenteiro já respondeu contra a glotorrexe em seus canhenhos,
em que pesem os potins e as rancoras e
pufismos dos zoilos zingrantes perdigoteiros (D’ÁVILA-A-BAIXA 1944: 390). Como
a tiragem continua muito baixa, achei melhor escrever este artigo para
fazer-vos cientes de sua existência. Ou seja, em todas as perquisições vemos
erigir um caravançará para esse absurdo: na ergasiotiquerologia, na aviceptologia,
na zetética, na picnometria, na edafologia, na pestologia, na espeluncologia,
na sicomancia, na potamologia, na rurografia, na sarcologia, na pteridologia
Homessa! Como apólise peremptória, convoco a todos hoplitas samideanos,
mesmo infratos, à loita. Sem sobrossos! Zurre! Esguitando, estumemos nossos
lebréis licorécticos para que, desacolherados, zavem aos morsegões esses rolhos
fraldiqueiros esciófilos! Que jamais se zumbra a Rezão! Víspere, joldra! Profliguemos,
após terrível indaca, quantos obliqúem ideofrenicamente em ingresia
perfunctória. Bafuntem as azêmolas que inda o fazem! Ir a Canossa, jamais! Ecoxupé!
INCUNÁBULOS GLOSADOS
ÁGONOS, Michelangelo.
L’amore impetuosissimo fra Strepsiptera e Radiolarius. In: Revista sesquiebdomadária “Ingluviocelologia e Você”. Guarulhos 2344 (1.234.985.678.890.000.987): 1-690,
1748.
D’ÁVILA-A-BAIXA, Nicomedes
G. D. Os aldravões manauaras que
cunctatoriamente bezoam aleivosias em catadupas. Coleção Primeiras
Manivérsias. Santa Trampolina, Pechisbeque & Cia, Elafebólen de 1944.
12389p.
HELLMANN, Oiticica & AGELLATUS, Friðunanþus. O effeito da mayonnaise em assumptos
intragaveis & as machinas de ler escriptos de Hjelmslev. Manjaleco do
Norte, Officina Xptou, 2053. 4p.
KO£YBRZYCZEW¦KI,
£êch. Dlaczego
nikt nie rozumie miê?
In: G³upstwo i
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NGUDDABHASKARA,
Bhurukhenemaphortha. “Aum, Rá, Kyai, Tchan: est-ce qu'il y a quelque chose de
commun?”. In: Revue de l’Institut
Autognostique de Lutetia Atlantica. 3598a.C. 160 rolos+ilustr.
PIÇARRO, Gustávão. As pucelas ilhoas inhenhas que se
encarapitam a flux, com suas verdascas e caxirenguengues, pendependendo nos
moutedos de inambuquiçauas das ourelas e rias dos charqueiros ultraplatinos. Madrid,
Ofiçina dela Reiña Loica, 1502. Metáfrase do leonês esquipático para o luso
moente e corrente por Nicomedes Gedeão Dousbuzenos d’Ávila-a-Baixa. 98003p.
ÙBÚLÛWAYÈ, Bálàkôbákó
(ombudsman). “Mo ti maa nkà ìwé ìròhìn yi rí”.In: Folha de São Paulo, caderno Basta!,
12 de setembro de 1999. 3p.
[1] lente da
Alma Mater Ethnosophía, Delphos,
distr. Jucurutu/ RN"