Garçom! Aqui, nessa mesa de bar, você já cansou de escutar centenas de casos de amor. Meu caso é mais um, é banal, mas preste atenção por favor... Ai, quanto querer cabe em meu coração! Ai, me faz sofrer, faz que me mata e, se não mata, fere. Às vezes você me pergunta por que é que eu sou tão calado; não falo de amor quase nada nem fico sorrindo ao teu lado. Amar é um deserto e seus temores. Sinônimo de amor é amar.
Havia um tempo em que eu vivia um sentimento quase infantil: havia o medo e a timidez, todo um lado que você nunca viu. Ganhava a vida com muito suor e mesmo assim não podia ser pior: pouco dinheiro pra poder pagar todas as contas e despesas do lar. Lembro a menina feia, tão acanhada, de pé no chão; hoje, maliciosa, guarda um segredo em seu coração. Do lado direito da rua Direita olhando as vitrines coloridas eu a vi, mas quando quis me aproximar de ti não tive tempo: num movimento imenso na rua eu lhe perdi. Eu sonhava como a feia na vitrine, como carta que se assina em vão. Sei que você gosta de brincar de amores, mas oh: comigo, não! Foi nessa noite de outubro, quando perdi a inocência, por você: me entreguei aos seus carinhos, eu fiz os seus caprichos, por amor. Só você pra dar à minha vida direção, o tom, a cor: me fez voltar a ver a luz - estrela no deserto a me guiar, farol no mar da incerteza. Ela me falou dos seus dias de glória e do que não está escrito lá nos livros de história...Seu corpo é fruto proibido, é a chave de todo pecado e da libido e prum garoto introvertido como eu é a pura perdição. Essa noite eu quero te ter, toda se ardendo só pra mim. Fazer amor de madrugada, amor com jeito de virada. Beijo travoso de umbu-cajá...Foi um lindo amor; pena não sobreviver: quando a vida me iluminou, a minha luz era você. O nosso amor na última astronave, além do infinito eu vou voar, sozinho com você. Vi a minha força amarrada no seu passo; vi que sem você não há caminho, eu não me acho; vi um grande amor gritar dentro de mim como eu sonhei um dia. A paixão não tem nada a ver com a vontade: quando bate é o alarme de um louco desejo...
Eu que tinha tudo hoje estou mudo: estou mudado à meia-noite, à meia luz, pensando - daria tudo, por um modo de esquecer. Na madrugada, a vitrola rolando um blues, tocando B.B.King sem parar. Quando a paixão não dá certo, não há porque me culpar: eu não me permito chorar, já não vai adiantar e recomeço do zero sem reclamar. À noite vai ter lua cheia, tudo pode acontecer. Se o luar é meu amigo, censurar ninguém se atreve: é tão bom sonhar contigo, oh!, luar tão cândido. Eu saio de noite andando sozinho, eu vou entrando em qualquer bar, eu faço meu caminho: o rádio toca uma canção que me faz lembrar você, eu fico louco de emoção e já não sei o que vou fazer... No espelho dessas águas vejo a face luminosa do amor: as ondas vão e vêm e vão e são como o tempo. No silêncio, uma catedral, um templo em mim onde eu possa ser imortal, mas vai existir, eu sei, vai ter que existir, vai resistir nosso lugar. Meu destino não é de ninguém e eu não deixo os meus passos no chão; se você não entende não vê, se não me vê, não entende. Vamos embora de repente, vamos embora sem demora, vamos pra frente que pra trás não dá mais. Acabei com tudo, escapei com vida: tive as roupas e os sonhos rasgados na minha saída. Há uma porta que um de nós vai ter que abrir, oh! há! Há um beijo que ninguém vai impedir: não vai! Quando homem e mulher se deixam levar, é fácil viver mais. Aquela menina era a felicidade que eu tanto esperei, mas não tive coragem e não lhe falei do meu grande amor; e agora, por onde ela anda eu não sei. Garota pegou fogo em mim; sigo incendiando, bem contente e feliz. De mãos dadas vamos andar; muitos beijos iremos trocar. Me beija na boca, me ama no chão; me suja de carmim, me põe na boca o mel, louca de amor, me chama de céu. Não se esqueça, meu amor, que quem mais te amou foi eu: sempre foi o teu calor que minha alma aqueceu. Mas se um dia eu chegar muito louco, deixa essa noite saber que um dia foi pouco.
A luz do sol me incomoda, então deixa a cortina fechada. Eu desço dessa solidão; espalho coisas sobre um chão de giz. Noite e dia se completam; o nosso amor e ódio eterno: eu te imagino, eu te conserto, eu faço a cena que eu quiser. Mas o ódio cega e você não percebe. Como uma deusa você me mantém e as coisas que você me diz me levam além. Voltei pra rever os amigos que um dia eu deixei a chorar de alegria; me acompanha o meu violão. Eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem. Se eu soubesse o quanto dói a vida, essa dor tão doída não doía assim, Quero somente que na campa em que eu repousar, os ébrios loucos como eu venham depositar os seus segredos ao meu derradeiro abrigo e suas lágrimas de dor ao peito amigo. E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais e te perder de vista assim é ruim demais e é por isso que atravesso o teu futuro e faço das lembranças um lugar seguro. Se Deus quiser, um dia acabo voando, tão banal assim como um pardal, meio de contrabando, desviar do estilingue, deixar que me xingue. São cinco elementos apunhalando o coração: o fogo, a terra, a água, o ar e a paixão. Coração, diz pra mim por que é que eu fico sempre desse jeito.
Amanheci sozinho; na cama, um vazio - meu coração que se foi, sem dizer se voltava depois. Tranquei a vida neste apartamento e a marcada juventude também. Deitado no meu quarto, o tempo voa; lá fora a vida passa e eu aqui, à toa: eu já tentei de tudo, mas não tenho remédio pra livrar-me desse tédio. Mais um ano que se passa, mais um ano sem você. Já não tenho a mesma idade, envelheço na cidade. Medo da vida assim engatilhada. Quero não lembrar, que às vezes sem querer me apanho falando em você. Eu amei há muito tempo atrás; já cansei de tanto soluçar. Eu nem buscava alguém a fim de repartir uma ilusão. Hoje eu acordei com saudades de você: beijei aquela foto que você me ofertou, sentei naquele banco da pracinha só porque foi lá que começou o nosso amor... Tudo, tudo pode o amor ganhar: passe o tempo, passe o que passar, a noite vem, o dia vai. E fazer seu jogo vai me deixar louco; sei que você pensa o amor é do seu jeito: coração quebrado e orgulho inteiro. O que é que tá me faltando pra que eu te conheça melhor? Você me traiu e disse que é normal: um a um todos irão por certo acompanhar a evolução e quase que eu fiquei pra trás... Por quê? Fui querer ser bom rapaz. Já que terminamos, só resta agora o adeus final: te amar demais, ser um bom rapaz foi o meu mal, mon amour, meu bem, ma femme. Como eu queria ser esse sol que lhe queima, essa roupa que cobre o seu corpo, o vento que lhe possui e essa água que banha você. Mas se um dia eu chegar muito estranho, deixa essa água no corpo lembrar nosso banho. Desde quando eu te conheci, nunca mais te tirei daqui, do meu peito: de que jeito? Não está sendo fácil. Não digo que não me surpreendi: antes que eu visse, você disse e eu não pude acreditar.
Quase não consigo na entrada chegar, pois a multidão estava de amargar. Seu olhar inquieto vacila em qualquer direção; o seu corpo empinado desfila na escuridão: ela é uma estrela que brilha na vida que traz. Você diz que me adora, que tudo nessa vida sou eu. O nosso amor não é mais o mesmo: é melhor que eu vá embora. Dizem que eu estou errado, mas quem fala isto é quem nunca amou: posso até ser ciumento, mas ninguém esquece tudo o que passou... Amor perfeito existia entre nós dois; sem esperar que depois fosse tudo se acabar, mas neste mundo que o perfeito não tem vida; não merecemos, querida, viver juntos e amar. Aguardaremos, brincaremos no regato, até que nos tragam frutos teu amor, teu coração. Que seja assim por toda vida e a Deus mais nada pedirei. A arte de viver da fé; só não se sabe fé em quê...esse amor, de cartas claras sobre a mesa é assim. Caso você case, não escreva a nota, não destrave a porta. Toquem o meu coração, façam a revolução que está no ar.
Seus olhos verdes no espelho brilham para mim. Alguém me disse que tu andas novamente de novo amor, nova paixão, toda contente. Você é doida, desalmada e atrevida: sempre quer alguém na vida só para fazer sofrer! Às vezes muito perto desejamos encontrá-la, no entanto é preciso muito longe ir buscá-la. Toquei a 130 com destino à cidade; no Anhangabaú botei mais velocidade; com três pneus carecas derrapando na raia subi a Galeria Prestes Maia. Cento e dez, cento e vinte, cento e sessenta: só pra ver até quando o motor aguenta. Estou só, a duzentos por hora: vou parar de pensar em você pra prestar atenção na estrada. Eu sou rebelde porque o mundo quis assim, porque nunca me trataram com amor e as pessoas se fecharam para mim; eu sou rebelde por que sempre sem razão me negaram tudo aquilo que sonhei e me deram tão somente incompreensão. Cadê você, que nunca mais apareceu aqui? Que não voltou pra me fazer sorrir, que nem ligou, cadê você? Meu Deus do céu, diga que isso é mentira! Se for verdade esclareça por favor! E não tem como não saber: pra mim é óbvio, só pode ser. Ela me diz que é muito bom ter liberdade, que não há mal nenhum em ter outra amizade e que brigar por isso é muita crueldade. Já sei que um é pouco, dois é bom e três é demais e eu fico louco de ciúmes de um outro rapaz... A palavra que destrói o amor quando tudo ainda estava inteiro: no instante em que desmoronou, palavras duras em voz de veludo. É tão certo quanto o calor do fogo: meu bem querer tem um quê de pecado, acariciado pela emoção.
Só depois de muito tempo, comecei a entender como será meu futuro. O meu erro foi crer que estar ao seu lado bastaria. Feiticeira, feiticeira! Eu não posso negar o feitiço que ela me fez! Não vá embora, meu bem, não vá embora: se você for, eu vou chorar a vida inteira. Meu mel, não diga adeus: eu tenho tanto medo de ficar sem o seu amor e pra sempre ser um ser só. Deu pra ti? Baixo astral! Quantos elementos amam aquela mulher? Quantos homens eram inverno, outros verão, outonos caindo secos no solo da minha mão? Explica a grande fúria do mundo! Eu só peço a Deus um pouco de malandragem, pois sou criança e não conheço a verdade.
Só depois de muito tempo, comecei a entender como será meu futuro. O meu erro foi crer que estar ao seu lado bastaria. Feiticeira, feiticeira! Eu não posso negar o feitiço que ela me fez! Não vá embora, meu bem, não vá embora: se você for, eu vou chorar a vida inteira. Meu mel, não diga adeus: eu tenho tanto medo de ficar sem o seu amor e pra sempre ser um ser só. Deu pra ti? Baixo astral! Quantos elementos amam aquela mulher? Quantos homens eram inverno, outros verão, outonos caindo secos no solo da minha mão? Explica a grande fúria do mundo! Eu só peço a Deus um pouco de malandragem, pois sou criança e não conheço a verdade.
Fantasmas no meu quarto, fixação! I want to be alone! Tu pediu, agora toma! Não adianta tu voltar, menina, agora você vai sentar! Olho para chuva que não quer cessar: nela vejo o meu amor; esta chuva ingrata que não vai parar pra aliviar a minha dor. Um dia desses, num desses encontros casuais, talvez a gente se encontre, talvez a gente encontre explicação. Deixa chover, deixa a chuva molhar. O tempo passa e com ele caminhamos todos juntos sem parar; nossos passos pelo chão vão ficar. Um velho cruza a soleira, de botas longas, de barbas longas, de ouro o brilho do seu colar na laje fria onde quarava sua camisa e seu alforje de caçador. Um grande amor do passado se transforma em aversão e os dois lado a lado corroem o coração. Sorria, meu bem, sorria, da infelicidade que você procurou! O que você precisa é de um retoque total: vou transformar o seu rascunho em arte final. Pode seguir a tua estrela, o teu brinquedo de star; fantasiando um segredo no ponto a onde quer chegar. Será só imaginação? Será que nada vai acontecer? Será que é tudo isso em vão? Quando a gente tenta de toda maneira dele se guardar, sentimento ilhado, morto, amordaçado volta a incomodar. Ah, que o voo do condor no sol trace a linha da nossa paixão. Tudo é mistério nesse teu voar. É aqui onde estou: essa é minha estrada por onde eu vou e quando eu cansar, na linha do horizonte eu vou pousar.